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A menstruação, em pleno século 21, continua sendo tabu. No Brasil, o país dos corpos desnudos nas praias, a pobreza (econômica, cultural e social) afeta a rotina de parte das mulheres em seu ciclo natural.
Hoje (28), a questão da dignidade menstrual é lembrado no Dia da Higiene Menstrual. Outra data que não precisaria existir num mundo mais justo.
Durante meses o país debateu a importância da distribuição de absorventes íntimos para
as brasileiras de baixa renda, em situação de cárcere e estudantes de escolas
públicas. No ano passado, o
ex-presidente Jair Bolsonaro vetou parte da Lei Federal no. 14.214/21, mas o
Ministério da Saúde do governo popular criou do Programa de Proteção e Promoção da
Dignidade Menstrual. O objetivo é distribuir absorventes íntimos, pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), para estudantes da rede pública de ensino, mulheres em
situação de rua ou de cárcere e transgêneros.
Acredita-se que quatro milhões de brasileiras serão beneficiadas e não terão mais de recorrer ao papel higiênico, jornais e - quando
a fome permite - miolo de pão para conter o sangramento. Isso, em tempos que as
mais modernas têm a "modernidade" dos coletores, calcinhas menstruais e bioabsorventes: produtos ecológicos e sustentáveis.
A pobreza menstrual foi denunciada ao mundo pela senadora Glória
Orwoba, no final de fevereiro, depois que foi impedida de entrar no parlamento,
no Quênia, por estar com a calça manchada pelo sangue da menstruação. Eu presenciei o
horror de executivos, durante uma reunião numa empresa multinacional, ao
perceberam o sangue da colega pingar da cadeira, durante uma reunião de
negócios.
Num país onde o Planejamento Familiar é difícil e o
aborto proibido, a menstruação, que costumava ser um alívio para as mulheres,
muitas vezes se torna o problema. Em idade fértil a mulher sangra e sem
absorvente (ou o número suficiente dele) ela pode ter a liberdade de ir e vir
cerceada e/ou individualidade exposta. Muitas correm o risco de adoecerem,
devido às infecções, pelo
comprometimento da higiene íntima.
Para as adolescentes a dimensão do problema afeta a
sociabilidade. Sabemos que algumas ainda enfrentam os mitos relacionados à menstruação, que
se mantém por gerações. a falta de absorvente também aumento o absenteísmo.
Nas mídias sociais, formadoras de opinião gravam depoimentos sobre a menopausa e como ela não implica em envelhecimento (fenômeno do etarismo) e alterações da libido. Nos testemunhos, afirmam que a vida continua com o cessar da menstruação.
No dia a dia, as anônimas só gostariam de ter o ciclo interrompido... Afinal, o sangramento, natural, vira um problema assim tal qual uma gestação indesejada.
Falta absorvente, mas também falta informação. Em plenos anos 2020, é urgente investir e garantir o acesso à informação sobre a menstruação, lembrando que nem sempre as mães/avós/professoras sentem-se seguras ou confortáveis para conversar sobre o assunto com as crianças.
Já os homens... Parece não ser "problema" deles, não é mesmo?
Menstruação é fisiológico. O que não é natural é a mulher se tornar vítima do próprio organismo.
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