sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Uma Padoca para chamar de sua

Eu nasci numa #padaria, literalmente. 



Naquela época, não havia hospital na cidade e vim ao mundo "contaminada" de glúten. 

Minha primeira infância vivi numa casa sem fechada, mas se abria em três portas de aço que corriam para cima e ficavam abertas para quem quisesse entrar...

No lugar de jardim haviam balcões, prateleiras e vitrines; no quintal, lenha e farinha que alimentavam o forno enorme e nos dias de festa assavam as carnes dos clientes, chamados fregueses, e amigos.

A minha casa cheirava a pão

Fotos: Adriana do Amaral

Naquele ambiente aprendi a minha "palavra-mundo": troca, e também a conhecer a diversidade humana que se reunia em torno do pão nosso de cada dia. 

Fresquinhos, comprados pessoalmente ou entregue em domicílio, anotados na caderneta de fiado 

Por isso, as padarias são um reduto de memória, para mim afetivas.

Qual a melhor padaria?

Acredito que aquela da vizinhança, que fica perto, onde conhecemos, pelo menos, os atendentes que nos embalam o pão.

Na cidade de #SãoPaulo, de acordo com o #Sampapão, o sindicato patronal, há 6 mil padarias legalizadas, que empregam 300 mil trabalhadores. Em todo o estado são 11.200 padarias, que somam 900 mil funcionários.

A partir de hoje, pelo terceiro ano consecutivo, temos a oportunidade de reconhecer a nossa padaria do coração.


Esta é a proposta do concurso @padocariasp .

Todo amante de pão, e frequentador de padaria, poderá votar e ajudá-la a conquistar o título de melhor padaria de São Paulo, ou a melhor em uma das categorias compreendidas pelo concurso.

Este ano, a novidade é a melhor pizza de padaria; no ano passado foi o melhor frango assado.

Para mim, o mais bacana do concurso, é poder votar como se estivesse homenageando a Padaria Santa Maria, a padaria do meu pai, seu Ivan, que após completar 100 anos, encerrou as atividades após a #pandemia da #Covid-19. 

A padaria onde nasci, e foi passada de irmão para irmão.

Uma padaria tradicional, onde se vendia pão, doces, frios e poucos enlatados.

Um lugar onde as famílias eram presenteadas com um quitute ao quitar a dívida mensal e as crianças sempre ganhavam um doce.

Também, onde cheques eram trocados e o fornecimento nunca foi interrompido, pois as dívidas eram perdoadas pelo meu pai.

Padaria delivery

Nos anos 1960 e 70, as entregas eram realizadas por tração animal, de charrete, depois nas peruas Kombi e Veraneio. Hoje, as encomendas, na maioria das vezes, são pedidas e entregues a partir de aplicativos, muitas vezes 24 horas por dia.

Muitas padocas são quase um serviço de conveniência enquanto outras têm requintes de restaurantes.

Ganharam o status de lugar para sentar, ler, reunir amigos, celebrar.

Será que você também tem um bom motivo para prestigiar a sua padaria predileta?

Como votar

O concurso começa hoje (29) e vai até o dia 14 de outubro.

As cinco padarias mais votadas irão para a segunda fase, onde as categorias e a melhor entre elas serão escolhidas após nova votação popular e com a participação de um júri técnico.  

A melhor padaria de São Paulo será conhecida no dia 23 de novembro, além daquela que faz o melhor pãozinho, o melhor pão na chapa, o melhor café, doce, tem o melhor serviço de frios, a melhor pizza e o melhor time de chapeiros.

São muitos os desejos, afinal, numa padaria há delícias para quase todos os gostos e bolsos.

Ainda há o desafio do pão sem glúten, mas esta é outra história.

www.padocariasp.com.br 

obs: é preciso se cadastrar para validar o voto e evitar a manipulação através dos robôs digitais.


Ao padeiro, com carinho 





quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Coisinhas a toa que deixam a gente feliz

Fotos: #GazetaViews

 O voluntariado é assim.

O título deste texto foi "roubado" do livro infantil, um dos prediletos dos meus filhos na primeira infância.

Eu nunca me esqueci dessa lembrança, mesmo não sentindo, hoje, o mesmo prazer em partilhar o "brigadeiro de colher" como antes...

Na vida, os afetos se multiplicam em encontros, atitudes, testemunhos...

Dias desses, fui a um dos nossos passeios favoritos: #exposiçãodeorquídeas. 

Dentro de um espaço lindo, da #IgrejaBomJesusdosAflitos, que ainda nos brindou com a réplica da "CapeladeSãoFranciscodeAssis, na cidade de #Sorocaba, em #SãoPaulo.

Na longa espera própria de julgar a diversidade das flores e escolher as perfeitas -ou quase perfeitas, pela unanimidade, ou quase unanimidade dos juízes- enfrentando um calor recorde que ameaçava as orquídeas e a sanidade humana, deparamo-nos com pessoas...

Duas mulheres, em suas indas e vindas, de passos curtos, chamou a minha atenção, e, claro, como sempre, interagi. 

Foi quando a magia aconteceu!

Elas me chamaram à "sala secreta", a sala das voluntárias, a sala do artesanato, onde mulheres se revezam na costura e arte de fazer nascer bonecas de pano.

Mas, não qualquer boneca:

Bonecas pretas que vão ser levadas ao Continente Africano.

Bonecas pretas de presente para as meninas pretas, que vivem as ameaças da vulnerabilidade social

Naquela sala encontrei o amar.


Brinquedo que alegra e protege da violência sexual

Lá, pude ver as primeiras bonecas, em suas diferentes versões, que foram aperfeiçoadas com o tempo, para durarem mais. 

O corpo, os cabelos, as roupinhas, os adereços em várias fases da produção até estarem prontas. 

Dá vontade de brincar.

Tão lindas!

Tão diversas.

Imagino uma criança carregando-as e sonhando pelo direito infantil...

As bonecas não podem ser compradas, pois foram feitas para presente(am)ar...

Mas, as mulheres de Sorocaba criaram uma versão em miniatura, inclusive temáticas, pensando no Natal que se aproxima... 

Estas estão a venda, para ajudar a arrecadar fundos para comprar materiais de costura, que se materializarão em novas bonecas.


Brinquedos que são uma maneira de preservar a infância

A voluntária contou-me sobre a violência sexual que vitima as meninas desde a mais tenra idade...

Quando carregam a boneca, parece que os olhos abusadores se distanciam, mesmo se por algum tempo...

Afinal, os braços que carregam uma boneca são infantis...

"As bonecas são uma espécie de proteção". afirma Marisa.

A imaginação aflora a arte

O que eu vi espalhado na sala do amor foi arte.

Arte em forma de bonecas.

Arte feita a mão, e uma única máquina de costura.

Arte costurada com amor.

Marisa é a coordenadora do projeto, depois que o conheceu através de uma amiga.

Ela multiplicou o amor, chamou novas voluntárias e conseguiu a sala por intermédio do Franciscano.

Há cinco anos, cerca de 30 mulheres, cortam, costuram, enfeitam, criam e fazem meninas desconhecidas sonharem em terras tão distantes.

A cada 15 dias elas se reúne para "pintar e bordar", e apenas verão o sorriso das meninas por fotografias.

Ao lado dela, Shirley e Edilma recriam o sonho de #Gepeto. 

A alegria das voluntárias contagia. 


O projeto Bunekas

Criado por uma brasileira, Michelli Bordinhon, da vizinha #Jundiaí, o #ProjetoBunekas não seria tão grande sem o esforço das voluntárias, e das instituições parcerias, que garantem que as bonecas de pano cheguem até as meninas. 

Além da África, os brinquedos também já foram presenteados para crianças do Haiti, Jordânia e Brasil.


Nossa missão é restaurar a Dignidade do Brincar, a Autoestima da criança e prevenir o Abuso Infantil através da Buneka.


Saiba mais em: 

https://linktr.ee/projetobunekas



.

sábado, 9 de setembro de 2023

A dor alheia não deveria ser notícia, mas fato a ser reportado com critérios humanizados

Imagem: internet

Muitas notícias envolvendo personalidades foram divulgadas na mídia no decorrer das últimas semanas.

Começou com o coração do Faustão, depois os dramas do baixista Mingau e atores Kayque Brito e Victor Meyniel. 

E eu nem estou acompanhando a repercussão nas colunas de fofocas, que se alimentam das desgraças alheias...

É claro, quando alguém é famoso, tem fãs ou desafetos, a preocupação é válida assim como a morbidez é presente. 

É natural a curiosidade, e também a torcida. 

Quem, em algum momento das suas vidas, não riu com uma cacetada do Faustão, dançou ao som do baixo tocado por Rinaldo Oliveira Amaral ou se emocionou com algum personagem interpretado por Kayqye e Meyniel ?

A meu ver, entretanto, as notícias vão muito além do fato.

Alguns meios de comunicação se esbaldam na tragédia, dão espaço a porta-vozes oportunistas, expõem famílias e testemunhas com detalhes que seriam desnecessários.

Por que existem a assessoria de imprensa? Informar e esclarecer. 

Para que são divulgados os boletins-médicos? Para informar e explicar. 

Para que são registrados os Boletins de Ocorrência? Para informar e investigar.

Fausto Silva parece não ter direito à privacidade; a vida amorosa de Mingau parece justificar a invasão alheia e até mesmo àqueles que estão envolvidos indiretamente no acidente de Kayque ou agressão de Meyniel ganharam o noticiários espetaculoso.

Para mim, é crueldade, é tortura, expor o amigo do ator. Quem não ficaria "atordoado"? Quem se preocuparia com o carro? Será que nós teríamos o sangue frio necessário para ficar do lado do amigo ferido? 

O motorista envolvido no acidente fez o que tinha de fazer, como manda a lei: parou, ficou do lado da vítima e chamou o resgate. O resto é fermento para o bolo - fecal- midiático crescer.

No caso de Meyniel, a super-exposição das imagens, que ajudaram a esclarecer o caso e mover a opinião pública, depois de passado do impacto inicial também é uma espécie de tortura.

O agressor foi preso, esperemos que a Justiça pegue pesado com ele.

Mas, quanto ao porteiro...

Aprendi, com uma colega, jornalista popular, negra, periférica, militante, combatente, que, dependendo do local ou ambiente que uma pessoa nasceu, foi criada ou vive, é comum a violência ser normatizada. 

Não por desamor, mas também por medo. Afinal, a corda costuma pesar sempre do lado mais fraco.

Imagine caminhar e se deparar com cadáveres descartados na vizinhança? Conhecidos que têm de ser deixados lá, para evitar complicações? A rotina de ruas de muitas comunidades. No Rio de Janeiro, em São Paulo, em todo o Brasil, infelizmente.

Pensando no trabalhador, em seu local de serviço, onde tem de cumprir horários e regras e, mais cedo ou mais tarde, conviver com o condômino agressor? Fico pensando: será que o porteiro teve tempo, sangue frio ou mesmo sensibilidade para ser solidário com a vítima? Imagino os seus medos, receios, temores. Prefiro pensar nele como um ser humano...

É claro que todos esperamos que todos sejamos empáticos, mas na vida real, às vezes só o escudo emocional nos protege. 

Ao ler tantas notícias, não importando a minha relação com os três artistas, se sou, fui fã um dia ou os desconheço, penso que falta ética nessas coberturas jornalísticas. Quanto aos programas de fofoca, falta respeito.

Não apenas com os três pacientes, mas com todos, todas e todes os que convivem e estão sofrendo na incerteza da recuperação.





terça-feira, 5 de setembro de 2023

Independência ou Morte? A jornada é longa e a vida curta para calarmos a nossa garganta...

 

Cartaz oficial
Há cerca de um ano, o povo brasileiro, vivíamos um dos momentos mais difíceis da história recente. 

Nós, da esquerda, da imprensa engajada, dos movimentos sociais, cientistas, os tais defensores dos #DireitosHumanos, estávamos engajados na luta pela redemocratização do Brasil.

Ao mesmo tempo, vizinhos, amigos e familiares, antes tão próximos, tornaram-se estranhos: "gente esquisita" que prega o desamor, a posse, a exclusão, o "ódio acima de tudo". 

Os que sentem-se mais confortáveis atrás dos muros do que nas pontes...

Foram tempos de:

Patriotismo torto. 

Desvelamento.

Mas também de alianças e diálogo.

O Grito Dos Excluídos

Em sua 29a edição, neste 7 de setembro, apesar da lida, apesar da luta, apesar da história, o grito sairá nas ruas das cidades, esperançoso!

Ainda estamos famintos, é certo.

Famintos por água de qualidade, comida de qualidade, moradia, #trabalhoevidadecenteprátodasasgentes. 

Vivemos um novo tempo, onde a democracia venceu a ameaça fascista. O que nos fortalece a gritar mais alto, retomar a união da luta para resgatar as cores que roubaram da nossa bandeira. Um Brasil de fartura, não de lucro; um país do povo e não do mercado financeiro.

Não será fácil, mas o que me move é a #utopia, aquele sentimento que nos faz acreditar e caminhar.

Não seremos mais pegos de surpresa, pois sabemos onde mora o perigo: bem perto... 

Estamos atentos: 

sobrevivemos ao isolamento social e à pandemia da Covid-19. 

Aprendemos a viver com menos recursos e mais qualidade. 

Foi difícil a lição, mas hoje estamos cientes de que nem todo amor vale a pena, alguns devem ser preservados apenas na memória ...

Crescemos na dor.

A resistência está alicerçada no amar.

Você tem fome e se de de quê?

O #GritodosEscluidos dialoga com a "CampanhadaFraternidade, da #CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Anualmente, as pautas que definem o tema são atualizadas num alinhamento com o momento vivenciado.

A força que move o Grito dos Excluídos é a mobilização dos movimentos sociais, alinhados com as instituições. 

O Grito não ecoa nas margens de um rio, com arma em riste, como está simbolizado nos livros que contam a história oficial;

Um Grito que ecoa nas vozes do povo nas margens, nos arredores, nos centros. 

Aqui, ali, em todos os lugares.

É uma força estranha que comunga o bem comum.

Vai ser longa a luta, mas vai ser linda a festa!

Grite!



As boas práticas que temos de aprender com a Bolívia para neutralizar os golpistas

  Fotos: reprodução (Correo de Sul e Alerta 24 News) Uma tentativa de golpe militar frustrada na Bolívia surpreendeu o mundo, na tarde de qu...