domingo, 24 de março de 2024

Lembrar para não esquecer

Foto da autora (setembro de 2022)

Mais uma vez vem da Argentina as lições a serem aprendidas. 

Neste domingo (24), mesmo enfrentando as ameaças do tirano Javier Mile e da vice-presidenta Victoria Villarruel, os hermanos foram as ruas para lembrar os 48 anos do golpe de estado cívico eclesiástico militar.

Os argentinos não se esquecem dos mortos e desaparecidos vitimados pela ditadura militar.

As madres e abuelas são a memória do país, sempre alertando que a verdade e a justiça caminham lado a lado.


"No olvidamos, no perdonamos, no nos reconciliamos".

                                                                             

No país onde a direita surpreendeu nas últimas eleições, resultado da instabilidade econômica e social recentes, manifestações foram proibidas por decreto que não é capaz de calar a voz do povo.

O lema dos argentinos que não esquecem, perdoam e se reconciliam com os seus algozes preserva, no presente, a história de resistência.


Trinta mil desaparecidos políticos 





Trinta mil vozes foram caladas.

Trinta mil pessoas sucumbiram aos militares.

Pode ser muito maior o número de vítimas do terror vigente há cerca de meio século.

Neste cenário, as mães dos filhos desaparecidos enfrentaram o Estado, foram ridicularizadas, mas hoje são o verdadeiro valor moral do país.


Os mais jovens reconhecem o futuro com olhos no passado, guiados pelos paninhos brancos que cobrem as cabeças enbranquecidas pela idade.

Nas fraldas, os nomes dos filhos desaparecidos...

Luta dignificada a cada neto localizado.

E, quando identificados, eles seguem a saga das avós. 

Anualmente, em 24 de março os argentinos vão as ruas de várias cidades.





Este ano, os trabalhadores organizados somaram à caminhada ao lado de movimentos sociais, estudantes, familiares e simpatizantes.

Isso, porque o povo argentino reconhece o valor da sua história, 

Não aceita retrocessos.

Dirão, nas ruas e no parlamento, não à proposta de prisão domiciliar aos militares julgados, condenados e encarcerados com mais de 70 anos de idade, como pleiteia o atual governo.

Pela democracia, pela justiça e pela reparação moral dos danos causados pelos torturadores, assassinos e seus mandantes.

Os argentinos têm consciência de que não se pode retroceder nenhum passo.

Mais suma vez, a Argentina nos ensina a preservar o moral da história.


Ilustrações: web


(com informações de Adriana do Amaral, da Argentina).

#Telámnosecala

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