Foto da autora (setembro de 2022) |
Mais uma vez vem da Argentina as lições a serem aprendidas.
Neste domingo (24), mesmo enfrentando as ameaças do tirano Javier Mile e da vice-presidenta Victoria Villarruel, os hermanos foram as ruas para lembrar os 48 anos do golpe de estado cívico eclesiástico militar.
Os argentinos não se esquecem dos mortos e desaparecidos vitimados pela ditadura militar.
As madres e abuelas são a memória do país, sempre alertando que a verdade e a justiça caminham lado a lado.
"No olvidamos, no perdonamos, no nos reconciliamos". |
No país onde a direita surpreendeu nas últimas eleições, resultado da instabilidade econômica e social recentes, manifestações foram proibidas por decreto que não é capaz de calar a voz do povo.
O lema dos argentinos que não esquecem, perdoam e se reconciliam com os seus algozes preserva, no presente, a história de resistência.
Trinta mil desaparecidos políticos
Trinta mil vozes foram caladas.
Trinta mil pessoas sucumbiram aos militares.
Pode ser muito maior o número de vítimas do terror vigente há cerca de meio século.
Neste cenário, as mães dos filhos desaparecidos enfrentaram o Estado, foram ridicularizadas, mas hoje são o verdadeiro valor moral do país.
Nas fraldas, os nomes dos filhos desaparecidos...
Luta dignificada a cada neto localizado.
E, quando identificados, eles seguem a saga das avós.
Anualmente, em 24 de março os argentinos vão as ruas de várias cidades.
Este ano, os trabalhadores organizados somaram à caminhada ao lado de movimentos sociais, estudantes, familiares e simpatizantes.
Isso, porque o povo argentino reconhece o valor da sua história,
Não aceita retrocessos.
Dirão, nas ruas e no parlamento, não à proposta de prisão domiciliar aos militares julgados, condenados e encarcerados com mais de 70 anos de idade, como pleiteia o atual governo.
Pela democracia, pela justiça e pela reparação moral dos danos causados pelos torturadores, assassinos e seus mandantes.
Os argentinos têm consciência de que não se pode retroceder nenhum passo.
Mais suma vez, a Argentina nos ensina a preservar o moral da história.
Ilustrações: web |
(com informações de Adriana do Amaral, da Argentina).
#Telámnosecala
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