segunda-feira, 20 de maio de 2024

O direito de voltar


Em cidades do Rio Grande do Sul este direito, mais usado quando falamos sobre migrações, deve ser pauta urgente.

Milhares de pessoas que estão "abrigadas", vivendo o caos, certamente só desejam voltar para casa...

E quando as casas não existem mais?

Cadê a minha escola que estava aqui?

A água - e o descaso - derrubou. 

Qual será o futuro dos desabrigados? 

E como recomeçar quando as perdas são empregos ou empresas?

Alguns irão recomeçar.

Para a maioria: só resta esperar.

À comoção social- seja com um galão de água, uma peça de roupa ou uma transferência em dinheiro via PIX -, testemunhamos muita solidariedade do povo brasileiro ao povo gaúcho, por aqueles que se importam e desejam ajudar

Muito é muito pouco...

As doações sempre serão muito pouco, por mais generoso que seja o brasileiro. Ainda mais quando a carestia é prolongada.

Há muito a ser feito, muito a reconstruir, a ser apurado, das responsabilidades e irresponsabilidades.

Cada gaúcho - ou morador ou que têm parentes ou amigos ou negócios na região - foi impactado direta ou indiretamente pela tragédia, ops descaso do governo estadual. 

"Haviam outras pautas", sugeriu o governador ao confirmar que havia sido avisado...

Sim, a crise estava anunciada, mas quem quer escutar ou ler relatórios de cientistas e ambientalistas? 

Não só no sul, mas no sudeste e demais regiões do país. 

O tsunami da desinformação

É assustador como a destruição também é moral. 

Todos os dias uma legião de descompromissados com a vida humana - e dos animais e do planeta- inventam, difundem, compartilham mentiras, A maioria proposital, mas também algumas pela dificuldade de comunicação e apuração.

Olha a atriz negacionista ganhando likes aí gente... 

A cada desinformação parece que se mata, fere e maltrata novamente as vítimas, que são ceifadas de doações e até mesmo do direito de sofrer.

Ao longo dessas semanas testemunhamos histórias de resiliência, de solidariedade, de humanidade.

Também, muita perversidade e autopromoção frente o martírio alheio.

É inimaginável pensar o que os atingidos pelas águas estão passando, o Brasil parece nunca aprender com outras tragédias vividas.

Tem gente dizendo que Deus não é brasileiro, ou que Ele está nos punindo, mas o que vemos é a natureza se acomodando e respondendo à ação humana.

Não importa onde, a reação chega e chegará cada vez mais assustadoramente avassaladora.

O vício do lucro

O Mercado, o Banco Central, os milionários, os defensores do neoliberalismo estão em êxtase, pois enquanto a população sofre os juros se acumulam; enquanto o Estado corre para minimizar as perdas o Congresso fomenta mais destruição ambiental, enquanto uma fakenews faz fumaça aqui o incêndio devasta a terra, que mata o homem que também morre pela boca. 

Pimenta nos olhos dos outros deveria ser refresco, mas para a direita... 

O Rio Grande do Sul será grande novamente, mas às custas dos pequenos...


Crédito: MidiaNinja


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