sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Tia Ana, estrela no quadro azul do céu, agora bate altos papos com o Pequeno Príncipe

Foto: #GazetaViews

Hoje eu perdi uma amiga.

Ela elevou-se.

A querida tia Ana foi professora de gerações em #Macondo, ops, na minha cidade de interior. Ensinou letras, artes e principalmente respeito, tolerância e convivência, alargando o pequeno mundinho de gerações de crianças em fase pré-escolar.

A minha história com Ana Cinti começou quando eu era muito pequena, ela adulta. Morávamos lado a lado, e ela tinha uma filha, Ana Glaucia, uma das minhas primeiras amiguinhas. Assim, foi natural que a casa delas fosse frequentada por mim.

Seu pai tinha a única livraria, papelaria e loja de brinquedos da cidade. Ela foi uma das poucas da geração dela que conseguiu estudar.

Tia Ana me viu crescer, da menina estudiosa e comportada me transformar nessa pessoa contestadora, porém ainda estudiosa. Acompanhou a minha entrada na faculdade de jornalismo e foi responsável pela minha primeira matéria publicada, no jornal local.

Ela me convidou para acompanhá-la, e aos seus alunos, numa excursão. Passei o dia com eles e contei a aventura comum numa misto de reportagem-crônica-matéria de opinião sobre o passeio. Guardo até hoje o recorte do jornal #CIdadedeBoituva e recordo a repercussão positiva e generosa.

Para mim, associar a professora à sabedoria do personagem #PequenoPríncipe,  que batizou a sua escola, era algo natural: tia Ana era generosa como o Pequeno Príncipe, sábia como o Pequeno Príncipe, mas não era solitária, muito pelo contrário, colecionava amigos, amigas, amigues. Além da própria família que formou, marido, filhos e netos.

Víamo-nos com pouca frequência, de tempos em tempos, mas sempre que nos encontrávamos batíamos "altos papos", como ela mesmo dizia.

Gostava de falar de si mesmo como "bruxa", na verdade era uma fada, uma maga. Mas, entendo a analogia com os caldeirões, pois sabia como poucas usar a sabedoria como um bem comum. Era uma alquimista do saber.

Tia Ana tornou-se uma amiga de verdade, daquelas que não precisamos estar junto para sentir a proximidade e, nos encontros as horas voam e se valorizam na mesma medida do dialogar. Mesmo quando não concordávamos o assunto fluia, uma absorvendo a opinião da outra. 

Foi ela que me apresentou temas, como eu diria, mais "exotéricos assim...". Parece que ela sentia quando algo não ia bem, comigo.

O tempo e os espaços geográficos tornaram os encontros presenciais ainda mais espaçados, porém as mídias digitais nos reunia. 

Ela me chamava de "maga das palavras", e como eu gostava de ler a opinião dela sobre os meus escritos e as minha percepções do mundo.

Se ela era minha fã, eu era mais: ela foi uma mulher que eu admirei plenamente. Não havia lacuna geracional entre nós.

Pelas mesmas mídias digitais, quase por acaso, soube da sua morte, hoje. E, felizmente, pude me despedir.

Não levei uma flor: não deu tempo.

Fiz uma oração e a aplaudi.

Sinto ao mesmo tempo um vazio, mas sei que hoje ascendeu no universo uma luz tão intensa...

Talvez tia Ana esteja batendo um "papo cabeça" com o Pequeno Príncipe, amenizando a solidão real e combatendo os Baobás que ameaçam o pequeno planeta.

Só sei do muito que ela deixa em mim.

Por isso, agradeço sua vida e a sua presença na minha, para todos, todas, todes saberem da sua real importância.


O essencial é invisível aos olhos (Ilustração: reprodução)


Ana Cinti eternamente.



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