quinta-feira, 27 de junho de 2024

As boas práticas que temos de aprender com a Bolívia para neutralizar os golpistas

 


Fotos: reprodução (Correo de Sul e Alerta 24 News)
Uma tentativa de golpe militar frustrada na Bolívia surpreendeu o mundo, na tarde de quarta-feira, (26 de junho de 2024). 

Um caminhão blindado arrombou a porta da sede do Palácio do Governo, em La Paz, e dezenas de soldados respaldavam a ordem do general Juan José Zuñiga.


A mobilização popular

A reação do povo boliviano foi imediata.

Aos poucos, eles tomaram a Praza Murillo e, coletivamente expulsaram os militares.

O apoio popular ao presidente Arce ganhou o mundo.

Chamou a minha atenção, o fato de os soldados não confrontarem seus conterrâneos;

Eles não contra-atacaram.

    







Consciência política 

Cito aqui, uma das maiores referência na luta popular boliviana, Domitila Barrios de Chungara.

A boliviana, que dedicou a sua obra na educação popular, nunca poupou sua voz, resiliência de dona de casa e resistência do próprio corpo para esclarecer o povo boliviano - e mundo- sobre os abusos dos militares e do movimento neoliberal internacional, que, junto com empresário locais, era agentes para a exclusão dos direitos civis e trabalhistas na década de 1970.

No movimento sindical, foi a única mulher entre os homens, 

Na ONU, uma dona de casa entre as feministas.

"Há corrido sangue a morir", 

relatou para a escritora brasileira (casada com um boliviano) Moema Viezzer, no livro Se me deixam falar...

Eram tempos em que o exército boliviano matava antes de perguntar. 

Quem sobrevivia era torturado nas prisões. Inclusive Domitia, que foi exilada do seu país, tornou-se refugiada, migrante, mas ousou voltar.

Ela se tornou símbolo da resistência boliviana.

Muitas vezes, na lida contra a hegemonia do poder, a mãe de família questionou os policiais, principalmente aos jovens:

Mas, você também é povo!

Sabia, porém, que muitas vezes a carreira militar era a única opção à fome.

Eles cumpriam ordens.

Nas imagens que assisti, da tentativa de golpe militar na Bolívia, ontem, foi os militares recuando frente à vontade do povo. 

Aos poucos a voz de Domitila, antes apenas uma mãe de família e mulher de trabalhador das minas, foi sendo ouvida, inclusive pelos divergentes, como nos ensinou Paulo Freire...


A polícia que é do povo

Tão diferente das polícias de São Paulo, que fere e mata sem direito à defesa, como garante a lei brasileira, os soldados bolivianos mostraram humanidade.

Na Bolívia, mesmo os adversários políticos apoiaram o presidente Luis "Lucho" Arce, que foi taxativo ao dizer:

"La Constituición boliviana se respeta.". 

presidente Lucho sendo carregado por populares

A ex-presidenta empossada após denuncias de fraude eleitoral, nunca confirmada, Jeanine Anês. de direita, defendeu a democracia.

Evo Moralez, ex-presidente, líder da esquerda boliviana, condenou a tentativa de golpe militar.

As instituições também se manifestaram:

A ONU, escritório na Bolívia, divulgou documento afirmando ser preciso "respeitar a paz e defender a democracia.". 

Países da União Europeia foram na mesma linha ideológica, em defesa do estado de direito.

Os presidentes do Chile, Daniel Boric, da Colombia, Gustavo Petro e Uruguai, Luis Lacalle Pou, endossaram a atual gestão boliviana.

No Brasil, o presidente Lula afirmou:

"A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão presidido por Lucho.".

Moral da história

A erva daninha dos ditadores se combate pela raiz.

A história brasileira, passada e recente, nos mostra que anistiar golpistas é manter a semente da ditadura militar viva.


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Toda criança deveria ser fruto de um ato amoroso


Foto da autora

Muitas vezes, eu já escrevi sobre violência sexual. 

Hoje, contenho a minha emoção para tentar dialogar sobre os direitos da mulher.

Somos paridos por uma mulher, tendo ela tido ou não escolha para fazê-lo...

Entender isso, o contexto de como fomos gerados e o impacto do nossos nascimento causou ao entorno familiar/comunitário é essencial para compreendemos a importância do ato do nascimento.

Sabemos que nem sempre a gestação é planejada: 

Algumas surpreendem positivamente, outras negativamente.

Pode ser cruel, 

Pode ser uma celebração.

Pode ser um luto.

O nascimento de uma criança geralmente é ser bom, mas pode ser muito ruim.

Uma mulher que foi obrigada a ser mãe, seja por imposição da sociedade, seja por falta de recursos de controle da natalidade, seja pela violência contra o seu corpo sofre. 

Ela sofre muito.

Algumas, pelo instinto animal próprio da fêmea acabam por amar incondicionalmente a cria, depois de suportada e superada tamanha dor;

Outras sentem-se culpadas por não poder fazê-lo.

As duas reações integram a normalidade, embora a sociedade reaja de forma contrário, julgando-as.

Em meio a insanidade que desafia a nossa sanidade, o PL1904/2024 mexeu com as estruturas brasileiras.

Eles barganham com os nossos corpos e direitos

Charge: Nando Motta

O deputado federal Sóstenes Cavalvante (DEM-RJ) decidiu fazer uma manobra política -segundo ele para "testar Lula"-  ou melhor, a fidelidade do presidente do Brasil que teria se manifestado à bancada evangélica que seria conta o aborto.

E, para isso, ele tenta desconstruir direitos conquistados com muita luta social e negociação.

O aborto legal foi uma vitória das mulheres frente a uma das maiores agressões que podemos sofrer: o estupro.

A violência sexual atinge também os meninos, mas principalmente as crianças, adolescentes, mulheres e idosas, inclusive algumas nos próprios lares e instituições, onde deveriam estar seguras.

O Estado não garante proteção, seja no trajeto de ida ao trabalho, de volta para casa; nas festas; 

Em todos os lugares uma mulher sente-se exposta.

A cultura do estrupo é herança machista, patriarcal, conservadora, capitalista. 

O estupro é considerado castigo até mesmo na cadeia, não é mesmo?

Infelizmente, tem autoridade, seja deputado, juiz ou policial (inclusive mulheres), que prefere considerar a vítima culpada.

Defender a vida é uma coisa, obrigar a vítima a aceitar a violência é outra.

É estupro mental e social obrigar uma mulher a conceber: mas puta é aquela quem pariu, não é mesmo?

A conta - do juízo alheio- cobra juros compostos.


Nossos corpos, nossas regras

O aborto legal é um direito, mas também é uma escolha.

As cicatrizem de um parto resultante de uma gravidez desejada pode ser uma memória afetiva...

As marcas de um estupro extrapolam as físicas, são torturas eternas.

O aborto legal é um direito conquistado pelas mulheres e suas famílias, mas a luta pela legalização do aborto ainda será árdua e longa.

Esses políticos não sabem, talvez não queiram saber, mas a roda do mundo gira, e quando eles aceleram no retrocesso a sociedade reage coletivamente.

Só não podemos descansar.

Temos de caminhar, uns cuidando dos outros, para que nós, mulheres, possamos caminhar e dormir no escuro das ruas e quartos sem sermos vítimas de homens torturadores de corpos e almas.

Meninas choram a morte de amiga violentada e morta
Foto: GazetaViews



quarta-feira, 5 de junho de 2024

Está decidido: morra-te de frio, Povo da Rua de São Paulo


Há tempos o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, expõe o seu descaso com a população em situação de rua que vive na cidade. 

E ele não está sozinho: parte dos vereadores legislam na mesma linha política.

A bomba da vez, que explodiu nessa terça-feira (4), foi a informação de que está zerado os estoques de cobertores -daqueles fininhos, que pouco aquecem- na Smades - Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.

Duas mortes já foram registrada nesse outono. 

Duas pessoas em situação de rua morreram de frio na cidade mais rica do Brasil.

Em 15 dias começará o inverno. 

Foto: GazetaViews

É dever do Estado.

Proteger a população empobrecida é lei, mas como a operação Baixas Temperaturas (quando o frio atinge 13o ou menos, serão realizadas?

Falta cobertor.

Falta abrigo decente.

Falta consciência política.

Falta tudo.

É ou não é genocídio deixar uma pessoa morrer de frio?

Na capital paulista, o Povo da Rua tem seus pertencem "roubados" pela rappa, são "banhados" com jatos d'água pela zeladoria municipal, são proibidos de descansar em partes das cidades...

Os voluntários também são coibidos pela guarda municipal e polícia militar, dificultando a distribuição de alimentos e agasalhos.

A política higienista avança na mesma medida em que a exclusão social sugue devido à falta de trabalho, moradia, assistência social.

Mas, São Paulo, infelizmente, não é exceção.

O Brasil precisa urgente de uma legislação atualizada voltada para a população em situação de rua, que aumentou quase mil por cento na última década.

Apenas em São Paulo, capital, são cerca de 70 mil e 100 mil no |Estado.


Foto: CristinaGazeta


Nota da autora:

Um dia depois dessas denúncias, a atual secretária municipal da Assistência Social,  Ciça Santos, gravou um vídeo considerando as denúncias como fakenews. O que ela não explicou é de onde surgiram os cobertores e muito menos os casulos (sacos de dormir). Curiosamente, casulos que apenas chegaram às pessoas em situação de rua com fins de registros fotográficos oficiais, ou distribuidos para tirar fotos, oupor doações de voluntários

Autalizado em 6/6/2024

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Gigante pela própria natureza... tão pequenina


Crédito: @izanio_charges
 "Deixem minha mãe em paz!", bradava a criança frente a três policiais -todos brancos.

A mãe, assustada, ouvia a voz da filha.

A cena da vida real, vinda lá da terra da liberdade, sqn, a América do Norte Global, chegou até mim pelas mídias digitais.

Aos brados a criança cobrava justiça.

Os adultos, olhavam e não se importaram, seguiram o "seu dever" de homens da lei, e prenderam a mulher, negra, claro.

A acusação: de que ela teria roubado um óculos de sol.

Uma testemunha dissera que uma mulher negra vestida com camiseta branca era a ladra.

A criança repetia: cadê a camiseta branca? Ela já usava um óculos escuros!

Mãe e filha vestiam  moda mamãe e filhinha: a jovem mulher, um vestido branco e a filha uma versão infantil de short e blusa. Os tênis combinando.

A explosão da pequena tocou-me a alma.

Raiva explicitando o #racismoestrutural (Almeida) ou #racismoinstitucional (Sodré).

O racismo real.

Tão pequenina, aprendendo a duras penas o que é ser preta e viver numa sociedade excludente, pois é racista.

No final da fala ela ameaça, o que me preocupou demasiado.

Qual a dimensão da trauma? O quanto impactará na vida da criança?

O que eu vi foi uma inversão de valores: a criatura defendendo a  cria; a filha defendendo a mãe; os adultos apequenados frente a uma menininha.

Confesso ser uma cena que ficará na história, tal como o assassinato de Jorge Floyd, a morte do bebê migrante Ayan Kurdi, a quase morte da menina vietnamita  atingida pelas armas Takashi Morita e as milhares de crianças mortas na Palestina e Rafah...

De uma maneira ou de outra, ao longo do tempo, a luta sempre é antirracista. Antisegregacionista.

E ninguém abraçou a pequena heroína...

E ninguém buscou amparar a pequena.

E ela ficou lá, defendendo o direito de frequentar lojas em paz com a mãe que Deus lhe deu, na terra onde o Mercado diz que acredita em Deus, a estátua sinaliza a liberdade, mas no dia-a-dia nada garante a vida decente.

  

quinta-feira, 23 de maio de 2024

São Paulo dos meus horrores

Charge: #NandoMotta

Eu realmente amo #SãoPaulo. A cidade onde em me encontro, o estado onde eu nasci. Mas, eu não tenho reconhecido esses lugares...

É claro que eu falo politicamente. Nada de correto no ar de sampa.

O que presenciamos esta semana, na casa do povo, a #AssembleiaLegislativadeSãoPaulo (Alesp), tomada por aqueles que não me representam, foi estarrecedor.

Pais, irmãos, tios e talvez avôs, vestindo fardas de autoridade militar, desceram o cacete, literalmente falando, no povo de São Paulo. A maioria jovens estudantes, que por direito e dever, estavam lá cobrando daqueles que deveriam tê-los ouvido e barrado o Projeto da Escola Cívico-Militar.

O horror tomou o lugar.

Cenas de guerra.

Autoritarismo puro.

Deu agonia ver a falta de autoridade dos poucos vereadores da esquerda em sua impotência ao tentar coibir a violência desmedida...

Cenas que temos visto replicar-se no estado, onde o governador Tarcísio de Freitas, militar da reserva do Exército, eleito pelo partido Republicanos (e representante/cria do bolsonarismo), justifica a violência e até dá "licença para matar".

Justificou as ações no Litoral Norte do Estado, a violência desmedida até mesmo isso com pessoas com deficiência no interior do Estado e agora não poupa a capital.

No Estado vemos o  tal "mercado" avançando nas terras cultiváveis, onde antes plantava-se milho, cana-de-açúcar, soja etc. agora pastam gados. Verdadeiras Yellostone, ou Bonanza onde o dinheiro multiplica o poder. 

Árvores são cortadas e no lugar gado de raça, que após o abate, vira produto: carne tipo exportação que não irá alimentar a fome local, mas o lucro, literalmente, irá somar aos juros dos bancos, que estão comprando as terra antes produtivas.

Na capital paulista, outro político, inexpressível, o prefeito Ricardo Nunes (PSDB) herdou o legado dos tucanos e conseguiu avançar na exclusão social.

E ele não está sozinho: a bancada de vereadores, salvo exceções, também não anda nada bem em ideologia..

Na cidade com maior deficit de moradia, prédios são erguidos de forma indiscriminada em todas as regiões, para isso o plano direitor foi alterado pela mesma vereança.

E para o povo de São Paulo, nada? Tudo.

Tem gente que culpa o povo, que elegeu tanto político ruim, mas sabemos que não é bem assim. Falta consciência política, sobra desinformação.




Fotos: #midianinja

A nova moda é censurar livros...

Djamila Ribeiro, a autora de #Cartasparaminhaavó", obra essencial quando o debate gira em torno do #racismo, #patriardo, e #diálogo é a autora da vez.

A desesperança é tanta...

"Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas; da força da grana que ergue e destrói coisas belas"...

Da periferia, dos jovens estudantes, eu vejo surgiu a esperança.

São Paulo merece políticos melhores.



segunda-feira, 20 de maio de 2024

O direito de voltar


Em cidades do Rio Grande do Sul este direito, mais usado quando falamos sobre migrações, deve ser pauta urgente.

Milhares de pessoas que estão "abrigadas", vivendo o caos, certamente só desejam voltar para casa...

E quando as casas não existem mais?

Cadê a minha escola que estava aqui?

A água - e o descaso - derrubou. 

Qual será o futuro dos desabrigados? 

E como recomeçar quando as perdas são empregos ou empresas?

Alguns irão recomeçar.

Para a maioria: só resta esperar.

À comoção social- seja com um galão de água, uma peça de roupa ou uma transferência em dinheiro via PIX -, testemunhamos muita solidariedade do povo brasileiro ao povo gaúcho, por aqueles que se importam e desejam ajudar

Muito é muito pouco...

As doações sempre serão muito pouco, por mais generoso que seja o brasileiro. Ainda mais quando a carestia é prolongada.

Há muito a ser feito, muito a reconstruir, a ser apurado, das responsabilidades e irresponsabilidades.

Cada gaúcho - ou morador ou que têm parentes ou amigos ou negócios na região - foi impactado direta ou indiretamente pela tragédia, ops descaso do governo estadual. 

"Haviam outras pautas", sugeriu o governador ao confirmar que havia sido avisado...

Sim, a crise estava anunciada, mas quem quer escutar ou ler relatórios de cientistas e ambientalistas? 

Não só no sul, mas no sudeste e demais regiões do país. 

O tsunami da desinformação

É assustador como a destruição também é moral. 

Todos os dias uma legião de descompromissados com a vida humana - e dos animais e do planeta- inventam, difundem, compartilham mentiras, A maioria proposital, mas também algumas pela dificuldade de comunicação e apuração.

Olha a atriz negacionista ganhando likes aí gente... 

A cada desinformação parece que se mata, fere e maltrata novamente as vítimas, que são ceifadas de doações e até mesmo do direito de sofrer.

Ao longo dessas semanas testemunhamos histórias de resiliência, de solidariedade, de humanidade.

Também, muita perversidade e autopromoção frente o martírio alheio.

É inimaginável pensar o que os atingidos pelas águas estão passando, o Brasil parece nunca aprender com outras tragédias vividas.

Tem gente dizendo que Deus não é brasileiro, ou que Ele está nos punindo, mas o que vemos é a natureza se acomodando e respondendo à ação humana.

Não importa onde, a reação chega e chegará cada vez mais assustadoramente avassaladora.

O vício do lucro

O Mercado, o Banco Central, os milionários, os defensores do neoliberalismo estão em êxtase, pois enquanto a população sofre os juros se acumulam; enquanto o Estado corre para minimizar as perdas o Congresso fomenta mais destruição ambiental, enquanto uma fakenews faz fumaça aqui o incêndio devasta a terra, que mata o homem que também morre pela boca. 

Pimenta nos olhos dos outros deveria ser refresco, mas para a direita... 

O Rio Grande do Sul será grande novamente, mas às custas dos pequenos...


Crédito: MidiaNinja


segunda-feira, 6 de maio de 2024

Sobre o show da Madonna, as cores verde e amarela e outras coisinhas mais...

Charge: Miguel Paiva

Sei não...

Não sei.

Li muito sobre a tal "camisa" verde e amarela usada no show da popstar (como a artista era citada na minha juventude)...

#Madonna, como sempre, agradou a quase todes, inclusive esquerda e  direita.

Fica a polêmica:

Por mais que a maioria tenha dito que a musa- sim ela continua sendo referência em muitos sentidos-  tenha nos deixado como legado o resgate das cores verde e amarela, eu ouso discordar.

Teve até milionário, influenciador, presidenciável, afirmando que a cantora conseguiu unir o Brasil novamente.

Aquele que vende sonhos, mas não é o SS, e atua em outra seara global e neoliberal.

Vamos falar das cores verde da bandeira brasileira?

Do meu ponto de vista, verde e amarelo são cores da bandeira nacional, e não de um uniforme, que custa o olho da cara, aliás.

Acho muito bacana que todes possamos usar as cores que quisermos, mas falar que Madonna resgatou a cores oficiais do Brasil "é um pouco demais para mim..."

Fique claro: o verde e amarelo não são pantones da CBF.  A camiseta da seleção brasileira, cá entre nós, ainda faz mais sentido, semioticamente falando, aos negacionistas. 

"Madonna mia"

Madonna é uma artista, sabe fazer marketing como poucos, mas ao longo da sua história fez por merecer a personalidade que se tornou.

Ela sabe explorar a sua figura de forma impecável: é linda, poderosa, provoca o senso comum, mas a música é uma negócio para ela.

Sim, ela foi paga por um banco, o show teve patrocínio do Estado e, não duvido, renderá milhões de dólares. Quem sabem até um documentário das plataformas de streaming?

Eu até queria ter ido ao show mas, confesso, não fiz o menor esforço para fazê-lo.

Não assisti ao show pela TV, mas acompanhei a repercussão dele nas mídias digitais;  

Nunca comprei um LP/CD da Madonna, mas ouvi muito as músicas dela "on the radio", e ela tem o meu respeito, simpatia, sororidade.

Madonna nos ensinou a trangredir, a nos valorizar, e a nos unir.

Um intelectual brasileiro, que respeito demasiado, queride Marcelo Hailer, publicou no seu instagram:

"Em 1992, quando ninguém queria saber da gente, Madonna usou da sua imensa popularidade para lutar contra a LGBTFOBIA e outros ódios da  sociedade. A maior, sempre"

Já vale a sua existência.

Mas Madonna foi além.

Madonna feminista

Ela ajudou a mulherada a se descobrir, a se divertir, a ousar, e continua fazendo isso em tempos de etarismo. 

Tudo isso sem desvalorizar as contradições do feminismo: é mãe dentro do espectro da diversidade, com austeridade, pelo que dizem (mas aí, é fofoca, não posso afirmar);

Madonna dividiu o palco com uma das filhas;

Madonna acredita em Deus;

Sabemos que a trajetória da musa, ora platinada ora castanha, não foi fácil:

Haja pipoca!

Haja resiliência.

O grande espetáculo feito por Madonna, na minha opinião, foi o discurso feito por ela em 2016, ao ser homenageada como Mulher do Ano.

Dentre tantas brincadeiras e provocações, a artista falou sério. Contra todas as formas de opressão, sobretudo de gênero.

"eu parei de trancar as portas"

(devido às inúmeras agressões sofridas).

"Não há regras, se você é um homem"

(quando ela remeteu à angrogenia de David Bowie e as suas musas mulheres).

"Quando eu comecei não havia internet, então as pessoas tinham de falar na minha cara"

O discurso está na internet, vale a pena assistir, e assistir de novo, e de novo...

Sorry, Madona, eu aqui me intrometendo também...

É claro que teremos críticas, sempre, não é mesmo?

Por que não dar emprego para os músicos, e cantar ao vivo? 

Mas os percussionistas estavam lá, para mexer com as cordas de energia de 1.5 milhões de pessoas que foram prestigiá-la e outros milhões que  a viram no mundo todo pela web.

Não é para qualquer uma.

Parafraseando Drummond:

O mar é grande, mas suas areias não escondem a ideologia e a divisão das classes socias. 



As boas práticas que temos de aprender com a Bolívia para neutralizar os golpistas

  Fotos: reprodução (Correo de Sul e Alerta 24 News) Uma tentativa de golpe militar frustrada na Bolívia surpreendeu o mundo, na tarde de qu...