domingo, 19 de fevereiro de 2023

Carnaval em tempos de democracia

 

Fotos: Divulgação Blocolândia
 Em meio à violenta repressão policial contra a   população em situação de rua, liberada pela   prefeitura municipal, o #Blocolândia saiu às   ruas da capital paulista na tarde de sexta-feira   de carnaval (17). 

 Talvez um dos mais  democráticos de São   Paulo, o bloco  carnavalesco é conhecido por   seus   instrumentos improvisados, muitos deles   feitos  de lata, e por reunir os frequentadores   da   chamada #Cracolândia, região que   concentra   pessoas em situação de   dependência química,   além de apoiadores e simpatizantes.

Originário do “Pagode da Lata”, o Blocolândia resiste desde 2014, apesar das ameaças frequentes. A organização fica a cargo de artistas do lugar, que ao lado de socioeducadores , estudantes e ativistas estimulam e apoiam a folia. Este ano teve até abadá (colete na cor magenta), com serigrafia, doada pelos voluntários.



O bloco perdeu muito dos seus frequentadores durante a pandemia da Covid-19. Pessoas que deixaram saudades e foram homenageadas pelos foliões que, no aquecimento, gritaram os seus nomes. A cada amigo lembrado, a palavra “presente”, em alto e bom tom. Foi uma catarse libertadora anunciando o encontro.



A alegria tomou conta da região da Luz, centro histórico de São Paulo, dando um pouco de paz para as pessoas em situação de rua que, na véspera (16), ganharam alguns dias de tranquilidade. Isso porque a juíza Juliana Molina decretou a suspensão do recolhimento das barracas, por parte da Polícia Militar e zeladoria urbana até o próximo dia 24 de fevereiro.

A justiça acatou o pedido feito em conjunto pelo Padre Júlio Lancellotti e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) até a realização da Audiência Pública que debaterá a questão da PopRua, na próxima sexta-feira. As políticas públicas, alternativas e as ações higienistas lançadas pelo prefeito Ricardo Nunes serão debatidas na Câmara Municipal tentando reverter o caos social que, inclusive, será tema da campanha da Fraternidade na quaresma que se segue após o carnaval




Com reportagem de Sebastião Nicomedes de Oliveira, arti (vi)sta popular

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