sexta-feira, 28 de julho de 2023

Barbie "fora da caixinha" engajada contra o patriarcado, mas quero mais...

 

Foto: Cristina Gazeta

Eu não estava programando assistir #Barbie, mas li uma postagem de uma amiga -advogada feminista, militante, ativista das causas mais nobres- que me instigou a fazê-lo. Minha filha não planejava ir, mas topou ir comigo. Era para ser uma passeio de meninas, sem grandes expectativas, mas nos surpreendemos, nós duas.

Fui ao cinema e gostei do que vi. Aliás, ri à beça, como poucas vezes faço ao assistir um filme. 

Engana-quem quem pensa que irá ver uma elegia à boneca que simboliza tantas coisas, a maioria negativa. O filme desvela um universo paralelo, feminino, que se confronta com a realidade feminina fora dele.  

Não vou falar do fenômeno que a película se tornou, nem do fato de ter virado centro dos debates, pela movimentação da indústria. É um filme inteligente, divertido, mas nem todos irão entender as referências culturais, que são muitas. 

Sem spolier, a cena inicial é sensacional. O final, esperava um pouco mais, mas acredito que sequências virão, pelo gostinho de quero mais.

O estereótipo é discutido, mas nem tanto; o patriarcado é debatido, mas ainda na superficialidade, na luta entre elas e eles. O perfeccionismo é destrinchado, a sororidade mostra falhas quando não há consciência.

Os protagonistas que, confesso, não conhecia, estão perfeitos em seus papeis. Ela, a Barbie personificada nos impacta com as suas dores ao descobrir-se e ver que as expectativas não foram correspondidas, ele, Ken, um objeto que busca o empoderamento quando encontra referências masculinas, também estereotipadas. O movimentar-se em cena, da alusão à mão invisível da criança à autonomia dos corpos.

Nessa luta contra o consumismo, ops, pelo comunismo, espero a minha sequência ideal, onde as pessoas possam conviver em harmonia. Busco a valorização feminina, mas sem desvalorizar o masculino. Aliás, a identidade de gênero deve ser opção individual, respeitada em sua diversidade e complementariedade.

Bonecas

Menina, minha primeira Barbie foi uma cópia genérica, a boneca brasileira #Susi, da extinta #Estrela. Antes dela tive a Tippy, Beijoquinha, Fofoleti e tantas outras. Barbie custava caro e os sapatinhos (os pés da boneca são destacados no filme) se perdiam durante a primeira brincadeira. 

Minha filha nem sabia falar direito e pediu ao Papai-Noel: muitas balbies no Natal. Bonecas que logo foram abandonadas. O que ela quis mesmo, e eu nunca dei (arrependo-me), foi o trailer da Barbie. Até presenteei-a com outros acessórios, mas o desejo infantil nunca foi atendido.

Eu brinquei com boneca até a adolescência. Com elas imergia a um mundo fantasioso, pessoal e intransferível, onde as minhas ilusões e sonhos podiam ser realizados. Eram épocas que comprar bonecas custava caro e era difícil de encontrá-las na única loja da cidade do interior.

Cinema

Foi um espetáculo a parte chegar até a sala. No caminho, cruzamos com pessoas muito diferentes vestindo rosa, inclusive eu, numa ludicidade que começou em casa. O cinema lotado da primeira à ultima fila.

Dureza foi aturar a falta de educação. Isso mesmo, nem é civilidade. Pessoas que se confundem na numeração da poltrona e nos interpelam afirmando estarmos sentadas no lugar delas; pessoas que têm de mudar de lugar porque estão ocuparam a cadeira alheia; pessoas que chegam atrasadas; pessoas que chegam atrasadas e não se abaixam, atrapalhando a visão de quem chegou no horário; pessoas que insistem em conversar, usar o celular e mastigar de boca aberta a pipoca barulhenta.

Fora isso, recomendo assistir Barbie, lembrando que não é um filme para crianças, mas que elas até podem ver, pois não entenderão as críticas e se divertirão com as cores intensas, o figurino lindo e as músicas alegres. Cada um vê e entende o que quer e pode, não é mesmo?


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