quinta-feira, 27 de julho de 2023

São Paulo: a insubordinação é autoridade

O homem e a caixa (Foto: Adriana do Amaral)
Não dá para celebrar quando se reside em São Paulo. Pelo menos, no quesito Direitos Humanos, pois a #aporobobia é institucional. Na capital paulista, o cidadão que vive nas ruas não tem paz. Se tiver cobertor, algum bem material ou até documento, o prefeito #RicardoNunes (MDB) manda recolher, compulsoriamente.  

Na terça-feira (25), o Ministro do STF, #AlexandredeMoraes, trouxe boas novas para quem acredita na promoção social e a responsabilização do Estado pela exclusão cidadã. Ele proibiu os obstáculos que impedem que as pessoas em situação de rua descansem, a chamada "arquitetura hostil", e também a retirada de pertences de quem vive na rua. 

Além disso, determinou um prazo de 120 dias para que os governos, nas diferentes estâncias, 

definam um plano que norteará a política voltada à população que vive à margem da sociedade. No Brasil, mais de 280 mil pessoas vivem ao relento (dados do IPEA/2022).

O prefeito de São Paulo parece legislar por conta própria, ou pelo menos, faz vista grossa às arbitrariedades. A zeladoria pública continua recolhendo os objetos da #PopRua, a olhos vistos, em pleno centro histórico. Hoje (27), caminhões foram flagrados no bairro da Luz, não muito longe da sede da prefeitura.

Na semana passada, o prefeito caminhou no entorno das ruas centrais e foi questionado, por munícipes, do porquê de tamanha crueldade. Desconversando, ele preferiu manifestar-se publicamente em agradecimento pelos serviços prestados pela Guarda Civil Metropolitana, pedindo aos paulistanos que a valorize. Tudo indica que Ricardo Nunes tem olhos seletivos e, na falta de argumentos e ações, se omite, negligencia ou cerceia direitos.

Não me canso de repetir que as pessoas não moram nas ruas das cidades por que querem, mas por falta de opções. Por fatores multicausais, que vão do desemprego, ao despejo; fluxos migratórios (internos e externos); doenças diversas (psíquicas, comportamentais e deficiências físicas/intelectuais); violências múltiplas, doméstica e abandono; preconceito.  Também, da falta de programas de reabilitação, no caso de pessoas egressas do sistema prisional e dependência química.

Em São Paulo vemos a especulação imobiliária em "vento e popa", construindo edifícios por todos os bairros: nos mais ricos muitos nas mesmas calçadas. Pequenas construções, inclusive históricas, são derrubadas, mas não há contrapartida. Faltam moradias populares, albergues decentes, serviços de assistência social. 

Falta comida, o povo mais carente está sedento e faminto, e o prefeito até mesmo coíbe a distribuição de alimentos. Ricardo Nunes criminaliza até mesmo a solidariedade.


  

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