sábado, 30 de março de 2024

As verdades precisam ser ditas sobre o golpe militar de 1964

Arte: Fenasps/sindPrevs


Em 1964 eu tinha (menos de) dois anos, era um bebê, e não sabia de nada;  

Aos 12 anos, adolescente, fui a única aluna da turma do ginásio a saber quem era o presidente da República à época -um militar, com nome esquisito- e parabenizada pela diretora, por "honrar a escola" frente aos convidados externos que fizeram a pergunta;

Com 22, eu já era jornalista e outra realidade havia sido desvelada. Eu tinha consciência do "passado infeliz da nossa história".



De lá para cá, quanta luta para que a verdade fosse dita, para que os brasileiros fossem resgatados do conto do vigário, ops, história da carochinha, ops mentira dos militares.

Eles disseram que foi revolução, o golpe militar.

Charge: Angeli

Eles criaram a narrativa de que  a "ordem e progresso" havia sido instaurada no Brasil, quando na verdade foi a tortura e a morte.

Olhando para trás, para o nosso passado recente, ainda me surpreendo como não sabíamos de nada, como não tínhamos consciência...

Nos meus primeiros 17 anos de vida eu morei no interior de São Paulo e não convivi om os verdadeiros heróis brasileiros, que sucumbiram à violência institucionalizada...

Aos poucos, fui descobrindo que os livros não contavam a verdade, "conhecendo" aqueles que ousaram  lutar por uma sociedade melhor.

São tantos, os que sucumbiram e os que resistiram.


Charge: Latuff


Ainda hoje choro com a história de #EunicePaiva, que precisou seguir em frente, educar os seus filhos e antes de morrer conseguiu, enfim, o atestado de óbito do marido, #RubensPaiva, desaparecido num mar de mentiras sem fim contadas pelos que deveriam zelar pela pátria livre.

Sinto na pele, como se fora possível, a "dor insuportável" narrada pela ex-presidenta #DilmaRousseff, presa e torturada entre os seus 19 e 21 anos, sem nunca delatar os seus companheiros que como ela viviam o pesadelo real pelas mãos dos atrozes carcereiros/carniceiros nos porões? não, nos quartéis e delegacias do Brasil. Dilma resistiu para nos contar. 

Celebro #ClaraCharf, viúva de #Marighella, que não viu a idade passar e continua na trincheira pela liberdade.

Penso em #AnaPrestes, tão jovem, tão fundamental para a democracia brasileira nos dias de hoje honrando o legado de sua família.

Imagino em que Brasil viveríamos se #PauloFreire, #Betinho, #DarcyRibeiro, #VladimirHerzog, #Santo Dias e milhares de brasileiros não tivesses sido mortos, expulsos e vivido tanto tempo no exílio...

Orgulho-me ainda de #IvanValente, agradeço a #DomPauloEvaristoArns, só para citar um estudante/político e um religioso dentre um número desconhecidos de heróis anônimos.

Nunca esquecerei das valas abertas do cemitério Dom Bosco, em Perus, bairro de São Paulo, onde as ossadas deixadas como restos comuns provaram parte do quebra cabeça de horrores dos mandos e desmandos dos militares.


Charge: Quino

Neste 31 de março não acredite em inverdades.

É preciso lembrar para não esquecer, 

é preciso recontar a história, 

é urgente punir os militares que mentiram para a sociedade brasileira.

#torturanuncamais

#1964foigolpe

#semanistia



domingo, 24 de março de 2024

Lembrar para não esquecer

Foto da autora (setembro de 2022)

Mais uma vez vem da Argentina as lições a serem aprendidas. 

Neste domingo (24), mesmo enfrentando as ameaças do tirano Javier Mile e da vice-presidenta Victoria Villarruel, os hermanos foram as ruas para lembrar os 48 anos do golpe de estado cívico eclesiástico militar.

Os argentinos não se esquecem dos mortos e desaparecidos vitimados pela ditadura militar.

As madres e abuelas são a memória do país, sempre alertando que a verdade e a justiça caminham lado a lado.


"No olvidamos, no perdonamos, no nos reconciliamos".

                                                                             

No país onde a direita surpreendeu nas últimas eleições, resultado da instabilidade econômica e social recentes, manifestações foram proibidas por decreto que não é capaz de calar a voz do povo.

O lema dos argentinos que não esquecem, perdoam e se reconciliam com os seus algozes preserva, no presente, a história de resistência.


Trinta mil desaparecidos políticos 





Trinta mil vozes foram caladas.

Trinta mil pessoas sucumbiram aos militares.

Pode ser muito maior o número de vítimas do terror vigente há cerca de meio século.

Neste cenário, as mães dos filhos desaparecidos enfrentaram o Estado, foram ridicularizadas, mas hoje são o verdadeiro valor moral do país.


Os mais jovens reconhecem o futuro com olhos no passado, guiados pelos paninhos brancos que cobrem as cabeças enbranquecidas pela idade.

Nas fraldas, os nomes dos filhos desaparecidos...

Luta dignificada a cada neto localizado.

E, quando identificados, eles seguem a saga das avós. 

Anualmente, em 24 de março os argentinos vão as ruas de várias cidades.





Este ano, os trabalhadores organizados somaram à caminhada ao lado de movimentos sociais, estudantes, familiares e simpatizantes.

Isso, porque o povo argentino reconhece o valor da sua história, 

Não aceita retrocessos.

Dirão, nas ruas e no parlamento, não à proposta de prisão domiciliar aos militares julgados, condenados e encarcerados com mais de 70 anos de idade, como pleiteia o atual governo.

Pela democracia, pela justiça e pela reparação moral dos danos causados pelos torturadores, assassinos e seus mandantes.

Os argentinos têm consciência de que não se pode retroceder nenhum passo.

Mais suma vez, a Argentina nos ensina a preservar o moral da história.


Ilustrações: web


(com informações de Adriana do Amaral, da Argentina).

#Telámnosecala

segunda-feira, 18 de março de 2024

O coro dos indecentes


 

Fotos: Redes digitais do Padre Júlio

Mais uma vez vereadores de ideologia excludente, aqueles que preferem volver à direita, usam de politicagem para macular a imagem, identidade e honra do Pároco do Povo da Rua, Padre Júlio Lancellotti.

A mesquinhez, e o uso político do poder, não tem limite e ousam ampliar a rede de ódio pela desinformação e uso da máquina eleitoreira.

Respaldados em seu mandato, na Câmara Municipal de São Paulo, vereadores, liderados por Rubinho, quem mesmo? confundem 'lé com cré' e usam  argumentos nada legais para barrar as atividades do líder religioso popular e as atividades desenvolvidas em prol da manutenção e promoção da vida humana.

Não basta agredir o padre Júlio com denúncias vis, agora ele ampliam a rede de mentiras para a Igreja Católica, direcionando as investigações para o Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua 

Todos sabemos que o trabalho realizado em prol do  Povo da Rua é feito com dinheiro de doações, por voluntários.

Eles atiçaram a 'onça com vara curta', pois agora mexeram com uma comunidade inteira, além de milhares de fieis e seguidores daquele que eu chamo de santo vivo.

"O preconceito e a incompreensão dos trabalhos da Igreja fazem com que se confunda uma Pastoral com uma ONG. Como é de amplo conhecimento, as Pastorais da Igreja, além de não utilizarem verbas públicas, realizam, muitas vezes, um trabalho que deveria ser do Estado e das Políticas Públicas", 

afirma, em carta de apoio ao seu líder religioso, a comunidade da Paróquia de São Miguel Arcanjo.

Na missa de domingo (17), o padre Júlio, ao falar sobre as investigações, desabafou:

"É uma novela, não acaba nunca",

alegando que os vereadores ousam novos artifícios a cada investida contra ele. 

Visivelmente abalado, apesar de tudo, o padre Júlio não sucumbe e continua sua rotina diária para defender àqueles que ele chama de "pequenos e fracos".

A ausência de propostas da bancada de vereadores, num contraponto às atividades realizadas na cidade em São Paulo pela rede de voluntários direcionados pelo pároco, é a prova que há intenção por trás da iniciativa política.

Não há debates, há agressões;

Não há argumentos, apenas provocações;

Não se busca justiça, mas condenação;

Não há verdades, apenas ruídos que confundem a informação.

Padre Júlio foi a voz que correu mundo pelo seu trabalho para alimentar, agasalhar, acolher as pessoas em situação de rua durante a pandemia da Covid-19.

O que não poderia ser diferente, pois padre Júlio sempre optou pela Igreja voltada aos pobres, aos oprimidos, aos desprezados.

Ele incomoda aos políticos que lucram com a desinformação, pois visam votos daqueles que não têm consciência cidadã, atitude (verdadeiramente) cristã; presença solidária transformadora.

Também, atrapalha os desejos delirantes e lucrativos de políticos higienistas.

Padre Jùlio é ser político, mas não faz política.

Padre Júlio pratica a Igreja para os pobres, une as diferentes fés em torno da promoção humna, é um revolucionário do amor.



Onde houver ódio, que eu leve o amor...


Quem quiser participar das atividades promovidas pela comunidade pode acessar o site:

https://padrejulio.com.br/euapoio/

Grave um vídeo com o seu depoimento.

Assine a carta em apoio ao padre Júlio:

https://padrejulio.com.br/euapoio


segunda-feira, 11 de março de 2024

O quiprocó dos negacionistas germina na indústria da desinformação

Ilustração: Reprodução Web

Eles já defenderam as armas, condenaram as vacinas, retomam a máxima antiquada e perigosa: Tradição, Família e Propriedade revisitada em Tradição, que interessa; Família, a nossa; Propriedade para nós.

A desinformação fomenta do discurso tendencioso aos interesses privados.

O intuito é tumultuar, criar cortinas de fumaça e convencer os incautos.

Verdade: prá que mesmo?

Afinal, tudo é permitido no mundo das redes digitais, principalmente divulgar e compartilhar notícias falsas.

Se tem mulher e criança morrendo na Palestina?

Se tem racismo no Brasil?

Se a violência policial é desmedida?

Se inventam calúnias sobre autoridades, personalidades, padres e até anônimos?

Não interessa.

O PIB cresceu?

O desemprego diminuiu?

A renda aumentou?

O Brasil subiu de posição no ranking internacional?

Não interessa.

A Lei Maria da Penha é parcial;

Jesus é comunista;

Os livros pervertem a juventude;

Não há racismo no Brasil.

Pseudos verdades absolutas.

É o caos informativo, que interessa aos poderosos da vez.

Eles apoiam ex-presidente inelegível pensando nas próximas eleições e parcerias financeiras;

Nomeiam deputados ignorantes e armados de ódio para regulamentar políticas excludentes;

Colocam a polícia nas ruas para matar inocentes.

Tudo isso porque gado está sentindo falta de pasto, do cabresto, de palanque..

Verdades não podem ser ditas, quando não lhes convier.

Mentiras estão liberadas, sempre que lhes favorecer.

Tudo o que importa a eles está fora de contexto, dentro da lógica parcial.

Bandido bom é bandido morto, ouço no taxi, e para o taxista pobre é sinônimo de ladrão.

O motorista de aplicativo desconfia dos direitos a serem adquiridos, mas porque ele não confia no atual presidente.

O dono do mercado de bairro alega que o brasileiro é "vagabundo" e não quer trabalhar: para ele,  bonzinho, que tem emprego - precário- para oferecer.

Eu confesso que tenho medo:

viveremos uma nova pandemia, isolamento ou o confronto?

Avançamos na guerra retórica...

Vivemos numa sociedade radicalizada.

Mais uma vez?

Ameaçam com impedimento,

Compram, financiam, mudam o domicílio eleitoral.

Voltamos ao "vc vai ter de me engolir"; " e daí", "não estou nem aí"...

Acendeu-se novamente o alerta vermelho!

Não podemos dizer que não avançamos, mas como é difícil cada passo retrocedido...

Para eles, o perigo é ficção.

Para a maioria de nós, o perigo é real.

#nenhumpassoatrás

#semanistia

#compartilharfakenewsécrime



sábado, 2 de março de 2024

O que pretende o presidente argentino Milei ao tentar fechar a Agência de Notícias Pública Télam?

Fotos: Adriana do Amaral

Mais um anúncio de Javier Milei mostra que ele seguirá com as suas promessas de campanha rumo ao desmonte do país. 

Sempre do lado direito da política neoliberal, ele sabe usar a desinformação a seu favor, confundindo a opinião pública.

Sem medo de polemizar, ele se posiciona a partir da própria régua, criando novas regras.

No primeiro dia de março, ele usou a tribuna oficial, na Assembleia Legislativa, para anunciar, dentre outras medidas, que pretender encerrar as atividades da Télam: a mais importante agência pública de notícias do país.

A Télam pratica o jornalismo local, estando presente em todas as províncias do país, e internacional, com escritórios , inclusive no Brasil, e convênios com agências de notícias. 

Digital, está na televisão, rádio e web, produzindo cerca de 500 matérias e 200 fotografias por dia. São reportagens que mostram a realidade do país, mas que, na opinião de Milei, faz oposição e propaganda política contrária. 

Segundo ele, "kirchnerista".

De acordo com as diretrizes da Télan, "de caráter federal e pluralista".

Cerca de 700 profissionais trabalham na agência, e a diversidade se faz presente e na prática. Por exemplo: a maioria mulheres, pessoas trans e de faixas etárias e áreas de saberes distintas. Além disso, opera em economista mista, que garante certa autonomia.

O presidente argentino argumenta que pretende conter as "castas",  prejuízos, mas, na verdade, pratica a política da privatização.

Milei pretende por um ponto final a uma história de 78 anos de jornalismo de qualidade, reconhecido mundialmente. 

Diante da ameaça de demissão, os trabalhadores vão se reunir na próxima segunda-feira (4), em assembleia. As entidades de classe se posicionaram em defesa da Télam.

Informação para conter desinformação

Tive o privilégio de visitar a Télam em outubro de 2022. Surpreenderam-me as instalações modernas, que contrastam com a região central, histórica, de Buenos Aires. Também, a alegria, espirito de colaboração e sentimento de orgulho dos profissionais que conheci.

A Télam inspirava, então, história e modernidade. Só vi futuro naquele lugar...

A ameaça à informação é uma das armas do atual governo argentino, que visa desmontar instituições e desmotivar a população.

Contra a fome e o desemprego, a arma de Milei é a desinformação.

Ele decreta "necessidades e urgências" próprias, desmontando conquistas com viés preconceituoso.

Eu, que acredito no acesso à informação como política pública e um direito humano, lamento que o povo argentino, assim, como aconteceu no Brasil em passado recente - e persiste mesmo em tempos de democracia - tenha caído no conto dos polítcos que não visam o bem comum, mas a si próprio e seus afetos.

Manifestação trabalhadores Télam, reprodução web

Está aberta a temporada de fakenews na Argentina!

Fuerza, Télam

Marchem pelos argentinos, madres e abuelas, pela Memória, Justiça e Verdade.


(com informações da Télam)


#MarielleFranco nos ensina como enfrentar a realidade

  Fotos: #InstitutoMarielleFranco Confesso que caíram lágrimas dos meus olhos, uma sensação estranha de alívio... porém de tristeza.  O dia ...