sábado, 17 de agosto de 2024

Um livro de leitura obrigatória para crianças formadoras de opinião


Foto de capa: divulgação #EditoraMatrioska
 

A capa já é uma "leitura" inspiradora.

 Nela, a ilustração do #PadreJúlioLancellotti, vestindo o seu avental de trabalho, caminha pela faixa de pedestre empurrando o seu carrinho de compras/doações.

 O nosso santo vivo simplesmente "atravessa"...

 E deixa o seu rastro amoroso simbolizado pelas flores de formas e cores distintas. 

 O título resume o contexto: sem pretexto, objetivamente. 

 Todas as gentes, particularmente o #povodarua não quer só comida, remetendo à música.


O personagem real 

Padre Júlio é referência para mim desde os anos 1980. Pároco da pequena capela, nunca foi "promovido", por sua posição ideológica, religiosa e política em defesa dos "fracos e oprimidos": as #pessoasemsituaçãoderua, as pessoas privadas de liberdade, os menores (crianças e adolescentes), as #pessoascomdeficiência, os #povosmigrantes, a comunidade #lgntqiapn+ e toda a comunidade que precisa de cuidados,

Mas, foi com os mais pobres, os privados de tudo, que na verdade são parte do todo diverso, que padre Júlio debruçou-se com mais intensidade desde a #pandemiadaCovid19. E, por isso, tem sido tão desrespeitado como #pessoaidosa que é.

O religioso, que também é professor e enfermeiro entre tantas outras competências, tem sido alvo da #desinformação e o #discursodeódio ao desvelar que parte do povo brasileiro, de uns tempos para cá, têm sido #aparofóbio e adepto à #mistanásia. Ou seja: tem odiado os pobres e defende a morte desnecessária.

Ele sempre repete: na rua há de tudo, pessoas de todas as cores, etnias, ideologias, posturas políticas. É onde a diversidade da exclusão é praticada, a partir do juízo de valor.

Um livro necessário

Ainda não tive o prazer de folhear a obra, mas já encomendei o meu.

"A gente não quer só comida: reflexões sobre amor, solidariedade e esperança, em pré-venda pela #EditoraMatrioska - a mesma que editou "Tinha uma pedra no meio do caminho"- também sobre o pároco da pequena igreja de São Miguel Arcanjo- deve tornar-se uma obra de referência. 

Leitura obrigatória.

Imagino os pais lendo para os seus filhos e as crianças compartilhando a história! 

Antevejo os pequenos, a exemplo do que fazem quando aprendem algo novo e intuitivo, ensinando os adultos. 

Intuo como uma leitura poderá moldar o caráter dos pequenos e, a partir de um livro, possamos praticar hoje a utopia desejada!

Os editores resumem a obra:

Com uma abordagem direta e empática, “A gente não quer só comida” é um chamado à ação para a solidariedade e o respeito, convidando a todos a fazer do nosso mundo um lugar mais justo e humano.

 

A verdade do título 

Aprendi convivendo com pessoas em situação de rua que um olhar, uma palavra e um abraço, algumas vezes, alimentam mais do que uma refeição e aquecem mais do que um agasalho.

Toda a pessoa quer ser visto, mas na rua ser visto incomoda.

Tem gente que acha que eles enfeiam a cidade, mas não, eles cuidam.

Você já presenciou uma família varrendo e zelando pelo seu espaço na calçada? Eu, muitas vezes.

É claro, existem conflitos, como dentre das casas, não é mesmo?

O que poucos sabem é que sempre já um motivo para alguém viver na rua:

pode ser emocional, mas também social; pode ser patológico, mas também relacional; pode ser econômico, mas também abandono.

Quando eu era pequena, os adultos costumavam dizer: 

cuidado com o "homem do saco"...

Hoje, vejo as crianças perguntando o porquê de algumas pessoas não terem uma casa para morar...

Depois que eu ler o livro eu voltarei para falar mais a respeito da história. Por enquanto, ficamos com um gostinho de quero mais, pelo que foi disponibilizado pela editora:



Trechos do livro


“Quem tem boca tem o direito de comer. Quem dorme tem o direito a ter um teto e uma cama. Quem respira tem o direito de viver com dignidade.

Mas nem todo mundo está comendo. Nem todos têm casa para morar e cama para dormir. E existe uma enorme quantidade de gente vivendo sem dignidade.

No Brasil, e no mundo todo, existem milhares de pessoas que vivem nas ruas. Elas não têm onde dormir, reviram os lixos para se alimentar e não são vistas pelas demais pessoas, que passam por elas como se fossem invisíveis.

Mas essa população que vive na rua tem as mesmas necessidades de todos nós, e não só de água e comida: eles também precisam de carinho e de afeto. Eles não são anjos nem demônios, são pessoas. Pessoas que perderam tudo. Pessoas que não têm nada.”


***

“Tem gente que acredita que a pessoa não vai querer sair da rua se receber marmitas todos os dias. Que ela se acostumou a receber tudo sem fazer nada. O que é tudo? Um prato de comida por dia é tudo?”

***

“Trate os mais desfavorecidos como você gostaria de ser tratado. Nos dias mais quentes, você pode ter uma garrafa de água na bolsa e oferecer para um morador de rua ou para um catador. Nos dias frios, uma blusa que você não usa mais pode fazer a diferença para alguém. Nada disso vai mudar o sistema, mas faz do mundo um lugar melhor.”

Sobre o autor:

Júlio Renato Lancellotti é teólogo, pedagogo e ativista social defensor dos direitos humanos. Pároco da igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca (São Paulo), desde 1985. Vigário Episcopal para o Povo da Rua nomeado por Dom Paulo Evaristo Arns. Fundador da Casa Vida, dedicada a acolher crianças portadoras do vírus HIV, também atuou na pastoral do menor.

Professor Honoris Causa pela Universidade São Judas Tadeu e Doutor Honoris Causa pela PUC-SP, reconhecido por sua incansável atuação na defesa dos direitos humanos com mais de 20 prêmios.




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