sábado, 21 de janeiro de 2023

O sindicalismo brasileiro tem de resgatar o jeito Lula de ser

Manifestação pelo registro da candidatura Lula em Brasília, 2018
Foto: GazetaViews



Por Adriana do Amaral, jornalista


Nessa lida cidadã pela redemocratização do Brasil, tornei-me espectadora assídua das lives do presidente Lula. Hábito cultivado desde que ele tomou as redes sociais, ainda no período pandêmico, pré-eleitoral. 

Confesso, agora, que não consegui ouvir integralmente certas falas, de alguns líderes sindicais, durante o encontro de quarta-feira (18). Muitos não irão gostar do que lerão aqui. 

Permito-me citar Antonio Gramsci, que nos lembra do importante do papel dos intelectuais orgânicos, tal Lula. Aquele que odiava os indiferentes.

Sou defensora do movimento sindical, do engajamento do trabalhador através da luta dos sindicatos de classe. Inclusive, contribuo mensalmente com o meu. 

Porém, muito da liderança está ultrapassada, ou demasiado comprometida, com interesses tantos, muito além da questão dos dos trabalhadores. Parece que o tal monstro chamado "mercado" aprendeu a dominar as negociações.

Como jornalista, atuei no jornal diário, científico, institucional e sindical. Depois, voltei à universidade. Pesquisei a comunicação sindical no contexto da Reforma Trabalhista e da precarização do trabalho e atualmente estudo o labor das mulheres imigrantes latino-americanas em São Paulo.

Cada etapa da minha vida profissional foi importante, pois me ajuda a relacionar as nuances da relação capital/trabalho, direitos/negociação, saúde laboral etc. Trabalhei com públicos distintos, como “comunicadora”, mas informar e, sobretudo, ouvir os trabalhadores da base da pirâmide social me foi particularmente uma escola. Ainda hoje, passados quatro anos, ainda mantenho muitos em minha rede de relacionamento.

Por isso, não gostei das falas em tom de discurso. Remeteu-me quando testemunhei alguns deles esticar a negociação com o presidente que protagonizou o golpe de 2016 e a Reforma Trabalhista de 2017, ceifando os nossos direitos: Michel Temer. Depois disso, deixei o trabalho como jornalista sindical e voltei aos estudos formais.

Na época, dizia-se que os sindicatos teriam de ser reinventar. Enquanto alguns fecharam as portas ou foram engolidos por outros, muitos demitiram. E os jornalistas não foram poupados, aproveitando o boom das mídias sociais para extinguir os jornais, que implicam em custos, mas que passavam de mão em mão e seguiam para as casas e comunidades, estimulando o acesso à informação.

Sinto que apenas o Presidente Lula tem a capacidade, competência e paciência para desentornar esse caldo. A quem se interessa pelo tema, peço que leiam Vito Giannotti e se atualizem com a jornalista Claudia Santiago, do Núcleo Popular de Comunicação. Ela mantém o acervo e segue o seu legado do companheiro de vida e oferece reciclagem profissional e cursos diversos..

Falar ao trabalhador não é fácil como parece. Trabalhar com líderes sindicais é mais árduo do que se imagina. Mas, o mundo do trabalho é indescritível como experiência profissional e de vida!

Lembro-me das antigas e também das mais recentes assembleias dos trabalhadores. Para mim, uma oportunidade de diálogo ímpar na “Ágora” moderna e que, em muitos casos, foram transferidas para territórios patronais. Intimidadores.

As respostas - e soluções- estão nos anseios dos trabalhadores, muitas vezes calados em suas arguições reivindicatórias. É urgente resgatar o ideal do #trabalhodecente e as diretrizes da #agenda2030.

Haveria muito a ser dito, mas resumo com a fala do Papa Francisco, que defende os sindicatos fortes. Sim, ainda acredito nos sindicatos.

Minhas dissertação de mestrado foi dedicada ao presidente Lula.  Para quem tiver paciência, segue o link: 


http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2017


(reprodução livre desde que citada a fonte)


4 comentários:

  1. Sua experiência é muito importante e deve ser divulgada. Acredito que o governo de Lula - o nosso - será de reconstrução, refazendo a destruição dos últimos 6 anos. Estaremos nisso.

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  2. Os direitos são uma construção. Precisamos avançar na representação social, na proteção do trabalhador e valorização do trabalho.

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  3. O governo LULA é o início de um novo tempo! A sua bagagem como jornalista e cidadã trará uma nova visão para a história!

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