terça-feira, 11 de abril de 2023

Ao Mestre Dalai Lama com carinho

Foto: Reprodução web

Alguma coisa está fora da ordem...

Confesso que afastei-me da mídia social nesta #Páscoa. Fiquei "off". Assim, a notícia que associa o líder tibetano #DalaiLama à pedofilia me pegou de surpresa. 

Fui lendo os posts aos poucos, inclusive comentários da Márcia Tiburi - uma intelectual que respeito... Achei que alguma coisa ali "não colava". Depois, vi amigos reproduzindo o conteúdo, apontando o dedo, no caso os argumentos, contra o religioso. 

Pesquisei no #Google, como qualquer leitor em busca de informação. O posicionamento da mídia hegemônica foi de crucificação. Aí fui ver os vídeos e fiquei ainda mais confusa. 

Até que uma amiga - que sorte a minha de ter amigos intelectuais - chamou a minha atenção para a edição das imagens do vídeo e da falta de contexto da denúncia. Fui ler a notícia dada pela #BBCBrasil e li argumentos que explicam um pouco sobre a cultura, que, confesso, pouco conheço.

E... Como a #fakenews cresce na polêmica, tristemente li o post de um amigo:

"Sou budista e rejeito a pedofilia", parecia bater no peito. 

Outra amiga, também budista, estudiosa de religião, acalmou-me o coração. "É o mecanismo do linchamento!", argumentou.

De acordo com a BBC:

O líder religioso encosta a testa na testa do menino, coloca a língua para fora e diz "e chupe a minha língua". Algumas pessoas riem, o garoto põe a língua para fora e se afasta, assim como o religioso. Colocar a língua para fora pode ser um tipo de cumprimento no Tibete.

O religioso abraça o menino novamente e conversa com ele, dizendo para que se inspire em "bons seres humanos que criam paz e felicidade".

Lendo o artigo apenas constatei o que já imaginava. A sequência toda parece ser uma brincadeira de avô e neto, mas a mídia comercial, e seu duvidoso gosto para títulos polêmicos, além dos internautas, apenas replicaram a ignorância. 

Associar o Dalai Lama à prática da pedofilia é ir além da conta. É como se o Papa Francisco não pudesse mais colocar crianças no colo ou demonstrar carinho em público.

Aliás, este é o ponto: os críticos em nenhum momento levaram em consideração: a ação do Dalai Lama foi pública e praticada na frente dos pais das crianças e demais religiosos!  Neste mundo onde Deus não tem lugar, a prática da intolerância grita e berra.

Mais uma vez, confesso que pouco conheço a cultura budista, mas admiro-a demais. Vejo muito nessa notícia a intolerância religiosa. 

Lamento, também, que o mundo esteja tão cruel para com os idosos. Por mais conscientes que sejam, não conseguem enfrentar o caos superficial das polêmicas onde bom mesmo é ter likes.

Até o pedido de desculpas do religioso foi deturpado, como fora uma confissão. Em nenhum momento ele justifica a tal brincadeira, contextualiza a cultura, apenas lamenta se o seu gesto de alguma forma causou constrangimento à criança e seu familiares. É de uma nobreza sem tamanho!

A sociedade tem, sim, motivos para se indignar tanta a intolerância praticada. A distância social atiça fogo na pobreza e vaidades, mas não podemos perder a nossa capacidade de discernimento. A fé dos homens se perde no primeiro sinal de conflito.

Imagino Jesus sendo crucificado novamente...

Sinto muito. Me perdoe, Eu te amo.





2 comentários:

  1. Tudo é deturpado por essa sociedade doente.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Doentes estamos. Precisamos reaprender a conviver, Iolanda! Obrigada pela leitura atenta.

      Excluir

Os sonhos do atleta mirim esbarram na burocracia dos títulos que demandam dinheiro

  Fotos da autora Na rodoviária da mais rica cidade do Brasil, um garoto vestindo quimono chama a atenção carregando um cartaz quase maior d...