Jesus Mendigo foto: Adriana do Amaral |
Seria Ricardo Nunes o Pôncio Pilatos brasileiro?
O governante neoliberal que exclui os pobres para beneficiar os ricos?
Em plena #SemanaSanta, e em meio a #CampanhadaFraternidade que denuncia a fome vivenciada por milhões de brasileiros, o prefeito da capital paulista legitima a perseguição do Povo da Rua, que sobrevive à exclusão social.
Ele oprime os miseráveis para agradar a tal "elite", que não tem consciência do próprio abismo econômico.
Na cidade, a zeladoria pública -que infelizmente é formada por trabalhadores da base da pirâmide- é escoltada por policiais, que formam uma instituição motivada pelo poder sem tê-lo, de fato. As barracas são desmontadas, os poucos pertences retirados, a humanidade desprezada.
Não há diálogo e as regras anunciadas não são cumpridas. As abordagens são violentas e há tentativa de criminalização da pessoa em situação de rua. Principalmente na tentativa de associar o pobre oprimido ao tráfico, à dependência química, os antecedentes criminais.
Nesse cenário de crucificação, os invisibilizados apelam à voz que os representa: o Padre Júlio Lancellotti. O religioso, que eu chamo de nosso santo vivo, não descansa na proteção dos "mais fracos". Em cada rosto abandonado ou exilado ele enxerga Jesus.
O governo higienista vai cerceando os poucos direitos, derrubando liminares na Justiça, reduzindo o acesso à alimentação, extinguido serviços. Na tentativa imoral de justificar as medidas "restritivas", o prefeito culpabiliza as vítimas ao alegar que estas não querem usufruir dos equipamentos oferecidos pela assistência social municipal.
Estima-se que mais de 50 mil pessoas vivam nas ruas. Não porque querem, mas porque não têm alternativas. A autoridade alega que há "vagas" para todos. Mas, o que ele afirma serem 20 mil vagas em albergues, na verdade são depósitos inumanos. Em sua maioria, são oferecidos serviços insalubres.
Padre Júlio denuncia, na tentativa de proteger; tenta dialogar, na tentativa de minimizar os prejuízos dos humanos, mas a Aporofobia vigora. Ricardo Nunes alega que a população pede a retirada das barracas, que, segundo ele, impedem o livre ir e vir nas calçadas, mas ele não apresenta alternativas humanamente viáveis. Ele não se importa.
Há três dias da Sexta-feira da Paixão, testemunhamos na cidade mais rica do Brasil a crucificação em vida. Jesus, nesse momento, não poderia deitar num banco, como mostra a famosa estátua de Jesus Mendigo que ilustra este artigo e foi registrada pela autora na no Vaticano.
Quem está "solicitando o desmonte das barracas", prefeito? Dê nome aos algozes.
Tente honrar o cargo que lhe cabe nesse latifúndio e reflita: em cada barraca vive um munícipe, sobrevive uma pessoa sem direitos.
Um ser humano. Jesus.
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