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Foi assim que o nosso santo vivo, o #padreJúliolancellotti", se pronunciou na missa de hoje, domingo, dia sete de janeiro.
Ele mais ouviu do que falou durante a celebração da Festa da Epifania do Senhor.
Durante a missa, que seria um momento de convocação à Fraternidade e à Justiça, pelo calendário católico, o bispo da região Belém, de São Paulo, D. Cícero, acompanhado pelo bispo de Cachoeiro do Itapemirim, do Espírito Santo, D. Luiz Fernando, padres, religiosos e representantes de associações e diversas pastorais, além de políticos, amigos, fiéis e seguidores, na verdade foi um momento de celebração à vida e a obra de padre Júlio.
Eu imaginava que após dias seguidos de manifestações, manifestos, abaixo-assinados, reportagens, testemunhos e até dissidências desde o anúncio da #CPI onde o talzinho vereador levaria o religioso a depor na #CãmaraMunicipaldeSãoPaulo na força, mesmo que "amarrado", não haveria mais a falar a respeito, mas ainda há muito a ser dito.
Na mesma medida em que padre Júlio é atacado ele é reverenciado;
Na mesma proporção que alguns falam o nome dele em vão ele é homenageado oficialmente;
Na mesma intensidade que o ódio de espalha o amor se impõe.
Padre Júlio desvela as mazelas do mundo...
Parece inabalável, mas não é.
Surpreende que, a cada ação intimidadora, mais pessoas descubram a força e a coragem deste ser humano.
Mas, tanta coragem é forjada na dor.
Basta ver como o padre Júlio está impactado:
No seu semblante cabisbaixo,
na sua voz embargada,
na humildade em sentar enquanto outro religioso ocupa o seu lugar no púlpito, mesmo honrando-o.
E, principalmente, se preparando para um novo ataque, pois a rede do ódio não para de inventar #Fakenews e promover #desinnformação.
Por que tanto ódio?
Prefiro pensar não ser algo pessoal, contra o homem santo, mas pelas causas que ele defende.
Padre Júlio sempre foi a voz dos "pequenos, dos fracos", do povo oprimido, população que aumentou demasiadamente desde o golpe de 2016 e extrapolou todos os limites da decência no pós-pandemia.
Prefiro acreditar que o povo brasileiro não é tão ruim por querer matar, literal e figurativamente, um padre, embora já tenhamos precedentes.
Parece-me que o ódio é pelo que o padre Júlio desvela:
a pobreza no país da abundância;
a dor no país do carnaval;
o pecado no país antes amoroso.
Refletindo, aqui, penso que as construções culturais e ideológicas são orquestradas...
Quando criança, foi me ensinado a temer os mendigos. Àqueles homens, sim, na maioria eram pessoas do gênero masculino, que vagavam pelos lugares carregando sacos, sujos, maltrapilhos, mendigando um prato de comida.
Adolescente, ao questionar, muitos me disseram para evitar os que "Deus marcou". Nessa caso, pessoas com algum tipo de deficiência física ou intelectual, que eram abandonados pelas famílias, ou não se adaptavam às regras impostas, como se fossem enjeitados até mesmo pelo misericordioso.
Adulta, tudo se explicava pelo conceito da meritocracia:
Afinal, são "vagabundos" que não querem trabalhar, não se esforçam, não têm dignidade própria, dizem os excludentes.
Ultimamente, é claro, a culpa é do #Lula, que garante o #BolsaFamília, promovendo a miserabilidade e a vagabundagem.
A partir daí o discurso moraliza-se:
São drogados, são bêbados, são vagabundos, são ralé, são gays, prostitutas, ou filhos dessas...
Distâncias ideológicas
A pobreza é um fenômeno multifatorial, diverso e que cresce em todo o mundo.
Sobretudo em países como o Brasil, onde a pirâmide social tem base e topo infinitos, materializado na distância econômica.
Mas também é projeto político nesse universo globalizado neoliberalizado.
Aprendi que não podemos ajudar todos, o que o padre Júlio tenta fazer, mas que podemos ajudar muitos entre aqueles que cruzam o nosso caminho.
Seja com alimentos, roupas, dinheiro ou afeto.
Um olhar, como lembra o padre Júlio, é transformação^quando a #pessoaemsituaçãoderua deixa a invisibilidade mesmo que por alguns momentos...
Mas, quem não pode ajudar, ajudaria muito não criminalizando, julgando e promovendo o desafeto.
Respeite o padre Júlio, que é o nosso santo vivo.
"A pressão é muito forte, poucas vezes vista...
Quando não há argumentos tentam destruir o interlocutor...
Eles não vão desistir...
nós vamos resistir...
Somos a Igreja dos mártires, seguidores de Jesus.
A Igreja de D. Paulo, D. Luciani. D.Angelico, D. Celso.
que luta e continua lutanto"
Padre Júlio Lancellotti
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