Fotos: reprodução web
Confesso que seria uma péssima juíza de carnaval:
quase sempre gosto dos que não venceram...
Torço pelas escolas que me tocam, fazendo requebrar não apenas as minhas cordas de energia, mas alteram os batimentos do meu coração.
Por isso, independentemente do resultado oficial, para mim as escolas campeãs do #Carnaval2024 foram #VaiVai, em #São Paulo, e empate técnico para #Portela e #Salgueiro, no #RiodeJaneiro.
No desempate: Portela, pela competência em associar a história, a literatura, a arte à vida real nesse "Defeito de Cor".
Viva as madres, as avós, as viúvas, as órfãs de seus amores ceifados, assassinados.
Elas dignificam com amor a dor que nunca cessa
Inconformadas? Jamais: resistentes.
Viva #AnaMariaGonçalves !
A violência histórica e tão atual:
As três escolas levaram para as avenidas o enredo da vida real:
o genocídio colonizador, que não apenas roubou as terras indígenas, mas perpetua o extermínio, através da violência atual, dizimando os poucos originários resistentes;
o genocídio explorador, que transformou dois continentes em pelourinhos, onde corpos negros foram e são escravizados, mortos, torturados, explorados, numa massacre que continua, ceifando sobretudo os pretos pobres e jovens.
A juventude negra paulista que se revela em arte.
Em São Paulo, o samba-enredo "
Capítulo 4, Versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip-Hop: Um Manifesto Paulistano, desvelou usurpadores de direitos, os algozes das violências.
A diáspora africana reprimida inclusive por outros corpos negros vestidos de farda, quase sempre comandados por pessoas de pele pouco mais clara, mas nem tanto...
Carnaval bom é aquele que entra para a história e que a gente não se esquece...
Dona Marinete estava presente.
Coube até um sorriso na sua fase, pois sabe que #Mariellevive na nossa luta pela liberdade.
Ao lado dela, outras 15 mulheres imortalizaram, na Passarela do Samba os seus filhos assassinados pela exclusão, pela violência policial, pela racismo estrutural (Almeida) ou institucional (Sodré).
É preto no branco, no tom do meu cantoPreconceito nunca maisFogo na estruturaJustiça, igualdade e paz.
Salve o carnaval que fica para a história quando faz história!
Adriana, sempre um texto impecável, profundo e comprometido em defesa da vida e contra as injustiças e desigualdades. Parabéns.
ResponderExcluirMuito obrigada pela leitura atenta, crítica, generosa! Eu escrevo o que eu sinto, penso, ouço, leio, vivo,
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